Nos primeiros dias após o parto, muitas mulheres se surpreendem com uma mudança repentina nos seios: aumento de volume, calor, desconforto, sensibilidade e, em alguns casos, dor. Esse processo tem nome — apojadura — e é um marco importante no início da amamentação.
A apojadura é a fase em que o colostro começa a dar lugar ao leite de transição, e o corpo passa a produzir volumes maiores de leite. Embora seja um evento fisiológico esperado, ela pode gerar bastante insegurança, especialmente quando vem acompanhada de inchaço, endurecimento e sensação de seios “empedrados”.
Mas nem todo desconforto precisa virar um problema.
Com informação e apoio, é possível atravessar a apojadura com leveza, prevenir complicações como ingurgitamento ou mastite e garantir que o bebê consiga mamar com eficácia desde os primeiros dias.
Neste post, você vai entender:
- O que é apojadura e por que ela acontece
- Quando ela ocorre e como identificar os sinais
- E o mais importante: o que fazer para aliviar o desconforto e seguir amamentando com segurança
O que é apojadura e por que ela acontece
A apojadura é o nome dado à descida do leite, que geralmente acontece entre o segundo e o quinto dia após o parto. Ela marca a transição do colostro para o leite de transição, quando a produção de leite aumenta de forma significativa.
Esse aumento está ligado à queda hormonal natural que ocorre após a saída da placenta. Com isso, a prolactina assume o controle da produção láctea, e os seios respondem aumentando de volume, vascularização e sensibilidade.
É um processo fisiológico, esperado em todas as mulheres, independentemente do tipo de parto. No entanto, a forma como ele se manifesta varia bastante de mulher para mulher.
Quais são os sinais da apojadura
Os sinais mais comuns incluem:
- Aumento repentino do volume das mamas
- Sensação de calor, peso e pulsação nos seios
- Veias mais aparentes
- Seios firmes, às vezes doloridos
- Saída de leite mais abundante e visível
Em alguns casos, a apojadura pode ser mais intensa, levando a um quadro de ingurgitamento — quando o acúmulo de leite e líquidos nos tecidos causa dor, dificuldade na pega e risco de complicações como mastite.
Por isso, é importante observar os sinais e agir de forma preventiva.
Quando a apojadura acontece
O mais comum é que a apojadura aconteça entre 48 e 96 horas após o parto. Esse tempo pode variar conforme:
- A forma de parto (cesárea ou vaginal)
- A frequência das mamadas nas primeiras horas
- O estado emocional da puérpera
- O uso de medicamentos ou intervenções no parto
Em mães que passaram por cesariana, uso excessivo de soro ou separação precoce do bebê, é possível que a apojadura demore um pouco mais. Mesmo assim, é um processo esperado. Se passar de cinco a seis dias sem sinais de descida do leite, é importante avaliar com uma profissional.
Como aliviar o desconforto da apojadura
O desconforto pode ser evitado ou minimizado com algumas estratégias simples e eficazes.
1. Amamentar com frequência
A sucção do bebê é o principal estímulo para esvaziar a mama e regular a produção. O ideal é oferecer o peito em livre demanda, sem horários fixos, observando os sinais de fome do bebê.
2. Garantir pega e posição adequadas
A pega correta permite uma sucção eficaz, o que evita acúmulo de leite e reduz o risco de fissuras. Se houver dificuldade, vale buscar ajuda especializada logo no início.
3. Aplicar compressas frias após as mamadas
As compressas ajudam a reduzir o inchaço e aliviar a dor. Podem ser usadas por no máximo 7 minutos após a mamada, respeitando o conforto da mulher.
4. Realizar massagens suaves antes das mamadas
Massagens circulares e suaves ajudam a amolecer a aréola e facilitar a pega do bebê, principalmente se os seios estiverem muito tensos.
5. Não esvaziar totalmente a mama com bombas
A ordenha em excesso pode estimular ainda mais a produção de leite. A retirada manual e pontual é mais indicada para aliviar a pressão quando o bebê não consegue mamar com eficácia.
Quando procurar ajuda profissional
Se o desconforto se intensificar a ponto de impedir a amamentação, ou se surgirem sinais como febre, dor forte, vermelhidão ou endurecimento localizado, é hora de procurar avaliação especializada.
A apojadura é uma fase temporária, mas pode se tornar um problema se não for manejada corretamente. Com orientação técnica desde o início, é possível prevenir complicações e garantir uma amamentação tranquila e segura.
A apojadura é um processo natural que sinaliza o início da produção abundante de leite. Embora possa causar desconforto, ela pode ser manejada com medidas simples, como amamentação frequente, correção da pega e uso de compressas frias.
Reconhecer os sinais e agir preventivamente é fundamental para evitar complicações e garantir uma amamentação segura desde os primeiros dias.